terça-feira, 2 de outubro de 2007

De olho na política, Sabrina Sato diz "vô-não vô" para projetos

DÉBORA BERGAMASCO
da Folha Online


A apresentadora do programa "Pânico", da RedeTV!, Sabrina Sato, foi convidada a se candidatar a vereadora de São Paulo pelos partidos PPS e PR. Em entrevista à Folha Online ela diz "sim" ao casamento gay e "não" à progressão continuada (fim da repetência em escola no ensino público).

Ela aceitou fazer a brincadeira "vô - não vô" sobre temas políticos, inspirada no quadro do "Pânico", em que Mano Quietinho (Vinícius Vieira) e Mendigo (Carlos Alberto da Silva) colam adesivo de "vô" em mulher bonita e "não vô" nas feias.

"Posso falar uma coisa?", pede Sabrina. "Minha irmã [e assessora, Karina Sato] disse assim: 'Sabrina só responde "vô" ou "não vô", não é para ficar filosofando'", revela a apresentadora. Sabrina não obedeceu. Acompanhe trechos da entrevista.

*

Folha Online - Vai aceitar o convite para se candidatar?
Sabrina Sato - Mexer com política é muito longe do que eu sou. Por um momento passou pela minha cabeça sim, mas é difícil eu ser levada a sério pelo trabalho que eu faço no "Pânico". E eu nem quero ser levada à sério. Eu prefiro que as pessoas riam da minha cara... Mas não descarto a possibilidade.

Folha Online - Agora diga "vô" para o que concorda e "não vô" para o que discorda. Legalização do aborto?
Sabrina Sato - Não vou. Cada caso é um caso, mas tem muitas pessoas que fazem o aborto e se dão mal. Essas coisas viram bagunça no Brasil porque falta o básico. Tudo já começou errado desde a época da colonização. Não tem como legalizar nada aqui, você legalizou, a pessoa acha que pode abortar toda semana.

Folha Online - Lei da cidade limpa?
Sabrina Sato - Eu vou. Os publicitários vão me xingar, agora não vou fazer mais campanha nenhuma... [risos]. Mas sabe quem mais suja a cidade? É político em época de campanha, gente! Eu detesto aqueles negócios pregados no poste. E aquelas ciganas que prometem mudar a nossa vida? É horrível.

Folha Online - Redução da maioridade penal?
Sabrina Sato - Não vou. Eu com 18 anos ainda era criança. Coitadas das criancinhas que já têm que saber de tanta coisa, elas são precoces. É a época que eles têm que decidir que curso vai fazer no vestibular (...). Deixa eles aproveitarem mais, criarem mais maturidade.

Folha Online - Mas e se eles cometem um crime?
Sabrina Sato - Vai para a Febem. Mas a questão dos presídios no Brasil é ridícula, ridícula, ridícula. Meu ex-namorado morou na Febem, o Carlinhos, o Mendigo do "Pânico". Mas é porque ele fugiu de casa aos três anos e cansou de morar na rua, daí aos seis ele não agüentava mais e pediu para um caminhão da Febem levar ele. Aí, por bom comportamento na Febem, ele foi aos oito anos viver com as freiras da Liga das Senhoras Católicas e está super bem. Não fala uma palavra errada.

Folha Online - Classificação indicativa na TV?
Sabrina Sato - Eu acho ridículo isso, sabe por quê? Gente, as crianças de seis anos passam o dia inteiro na internet, entendeu? A televisão salva a criança da internet. A internet é muito pior, dá acesso a tudo. Os pais é que não sabem educar a criança, não sabem falar "Filhinho, isso não existe, a televisão é entretenimento, tá bom? É brincadeira, tudo fantasia". Quem vai educar é livro, biblioteca e não a televisão. Se a criança tiver pai que saiba educar, ela pode assistir ao "Pânico", à novela das oito porque não vai mudar a cabeça da criança.

Folha Online - Você não acha que a televisão pode deseducar?
Sabrina Sato - Não acho, não. Uma coisa compensa a outra. O "Pânico" passa uma vez por semana. Na minha época, eu assistia a semana inteira "Rá-Tim-Bum" e "Glub-Glub" da TV Cultura e depois eu assistia "TV Pirata". Você acha que a "TV Pirata" me deixou louca desse jeito? O problema do Brasil é a educação.

Folha Online - Progressão continuada?
Sabrina Sato - Que que é isso? Ah... quando eles [escola] passam as crianças de ano, mesmo ela sendo ruim, né? Não tinha isso na minha época. É péssimo, gente, péssimo. Como a criança vai para a quinta série se não sabe ler nem escrever? Sei que é complicado a criança gigante lá com os mais novinhos, ela se sente mal. Mas como a criança vai aprender história se ela não sabe ler? Como ela vai aprender química e física se ela não sabe matemática? Não vou, não vou e não vou.

Folha Online - Casamento gay?
Sabrina Sato - Eu vou. Eu ainda vou ser madrinha.

Folha Online - Candidatura da Gretchen?
Sabrina Sato - Eu vou. Se for para levar alegria para o público... [risos]. Ah, eu não sei o projeto de trabalho dela, não posso julgar a Gretchen pelo que eu vejo na televisão, porque todo mundo faz um personagem na TV. Ninguém é assim de verdade. Algumas pessoas são.. eu sou, o João Gordo é... Mas a Gretchen eu tenho certeza que não é só aquilo lá. Ela deve ter algo a mais, mas ainda não teve oportunidade de mostrar nesses 50 anos de carreira. Brincadeira! Ai como eu sou má...

[A reportagem pediu para Sabrina escolher no que "vai" e no que "não vai".]

Sabrina Sato - Eu vou no amor... ao próximo.

Sabrina Sato - Não vou na violência e nas pessoas que maltratam as outras gratuitamente. Tipo... as pessoas que estão de mal com a vida e descontam em quem está feliz. Uma vez a Rosana Hermann, que trabalha comigo no "Pânico", estava na rua, toda feliz, indo trabalhar, até que uma mulher esbarrou e ainda bateu nela porque estava mal-humorada. Ela ficou com o olho todo machucado.