(do Jornal "FOLHA FRANCA")
A eleição municipal para a escolha do prefeito e dos vereadores só acontecerá no segundo semestre, mas a movimentação em torno dos nomes que enfrentarão o atual prefeito Sidnei Rocha (PSDB) já está acirrada em Franca.
Entre vários políticos conhecidos, um nome se destaca como uma das novidades mais promissoras. Trata-se do jovem advogado e empresário do setor de comunicação, André Lemos Jorge, de 29 anos.
Sócio-proprietário da Nova TV, dono de escritórios de advocacia em São Paulo e Brasília, onde ocupa um cargo no Ministério da Educação (CAPES), é portanto, bem articulado politicamente.
André Jorge já conseguiu ser indicado por seu partido, o PPS, como pré-candidato a prefeito, obtendo apoios políticos de partidos expressivos e com representatividade no Congresso Nacional, como o PMDB, o PV, além de outros não menos importantes, casos do PMN, PHS, PC do B, e, provavelmente, o PTN.
Outros partidos também estão sendo sondados para compor uma aliança forte, capaz de fazer um bom papel no cenário político municipal, disputando o Executivo e cadeiras na Câmara de Vereadores.
Na manhã de domingo, 17 de fevereiro, André Jorge recebeu a equipe do Folha Franca em sua chácara, no Belvedere dos Cristais, para uma entrevista exclusiva sobre o cenário político francano.
Acompanhe as opiniões do jovem advogado, que surge como um dos grandes nomes para o pleito municipal de 2008:
Folha Franca- André, por que esta escolha pela política?
André Jorge - Na verdade, meu partido discute candidatura própria em Franca desde 2006. A gente faz reuniões semanais. Este grupo vem sendo fortalecido, de modo que, inevitavelmente, em 2008, teremos candidato a prefeito em Franca. Acredito que o grupo se expandiu. Hoje temos seis partidos próximos da gente. A cada dia, este grupo ganha corpo e teremos um uma opção a mostrar para Franca em 2008, sem agressões e sim com propostas.
FF- Dentre os partidos que, provavelmente, farão aliança com o PPS, está o PMDB. É viável ter uma representação forte como este partido na luta pela prefeitura de Franca?
AJ- Acho que sim. O PMDB é um partido historicamente muito forte na região, bem como nacionalmente. É sempre importante numa coalizão termos um partido com maior representatividade na Câmara dos Deputados, porque isso repercute também no tempo de televisão. Em uma campanha municipal, por conta da proibição do showmício, dos brindes, camisetas, enfim, temos de olhar para a TV. Esta campanha de 2008 deverá ser muito focada na qualidade dos programas e na capacidade de transmitir à população os ideais do grupo.
O PMDB tem pensamento similar ao do PPS, que é o de estar conversando. Política é a arte de conversar todo tempo, o tempo todo. Nos últimos meses, nos aproximamos do PMDB. Fizemos reuniões com integrantes do PMDB, não tendo havido rejeição ao ideal do grupo, que é o de propor, na urna eletrônica, um novo candidato. Obviamente que, a exemplo do PPS, o PMDB e o PV têm os seus nomes. O do PPS hoje, por consenso é o meu. Pode ser que daqui a dois, três meses, o partidos apontem outros nomes, mas, hoje, o PPS, ao lado do PV, PHS, PMDB, PMN, PC do B, e, provavelmente, o PTN, já abriram nova frente de conversas em Franca para que a gente possa representar esta nova opção.
FF- Pode parecer que André Jorge é um desconhecido na política francana. Porém, suas experiências na Câmara Municipal de São Paulo, no gabinete do deputado estadual Gilson de Souza (DEM), nos corredores do Congresso Nacional, em Brasília, e em outros centros políticos, o credenciam como pré-candidato a prefeito?
AJ- Desde 8 anos de idade me recordo de conviver com políticos. Meu pai, Wiliam Wanderley Jorge (Procurador de Justiça aposentado e professor de Direito), foi candidato a deputado federal em 1982 e em 1986. De lá para cá, venho me envolvendo com política, estudando e transpirando. Obtive êxito no movimento estudantil quando cheguei na PUC, em São Paulo, mas fui iniciado em Franca, no colégio Alto Padrão, em 1995, pelas mãos da minha querida professora de história Bela (Maria Izabel Miguel Mendes), quando vencemos as eleições para o Grêmio estudantil.
Em 1997, ingressei na faculdade de Direito na PUC, uma efervescência política enorme, onde acabei indo para o Centro Acadêmico. Fui convidado para atuar na campanha do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, em 1998, quando ele era candidato a deputado federal. Com isso, conheci todo o Estado de São Paulo. À época, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT) era vereador em São Paulo.
Meu professor de Direito Administrativo na PUC, Cardozo me convidou a fazer parte do seu gabinete, na Câmara Municipal. Também atuei na Câmara Municipal de Osasco, no gabinete do vereador Délbio Teruel. O grupo era super jovem. O mais velho do gabinete tinha 31 anos, incluindo o vereador Teruel.
Quando Gilson de Souza se elegeu deputado estadual pela primeira vez, conversamos, e fui trabalhar como advogado em seu gabinete. Hoje, ocupo cargo no Ministério da Educação, em Brasília, mais especificamente, na CAPES, que é a agência de fomento de bolsa e de pós-graduação. Convivo com o ministro da Educação, com o presidente da CAPES nos últimos três anos, o que me deu experiência sobre a política nacional. De 1986 para cá, acho que não me afastei da política em momento algum. Queria tentar trazer um pouco de toda esta bagagem para Franca.
FF- Você também é empresário de comunicação, com a NOVA TV. Qual o papel da imprensa no processo eleitoral?
AJ- É fundamental. Observe que a Constituição de 1988 tem um traço distintivo, que é a liberdade de imprensa. Hoje em dia, muito se avança neste sentido, entre a liberdade de imprensa e o direito à intimidade. Discutimos muito isto na pós-graduação (André Jorge é Mestre e Doutorando em Direito Constitucional) porque, por vezes, a imprensa tem sido elevada à condição de 4º Poder, e, em alguns casos, até de 1º Poder.
Quando você diz a alguém que vai processá-lo, ele não tem tanto medo quanto se você ameaçar estampar o nome dele em uma página de jornal. Ele teme mais a condenação pela imprensa, que não tem recurso, nem dilação de prazo, a ser processado no Judiciário, que tem todo um trâmite, muitas vezes dito lento, mas que garante o direito de defesa das pessoas. A imprensa em Franca é muito sólida. Temos três rádios AM, cinco FMs, vários jornais; a NOVA TV, a TV Record, a Clube e a EPTV.
A imprensa tem de cobrar, exigir, porque ela é os olhos e os ouvidos do povo, como dizia Rui Barbosa. Fico feliz de termos uma imprensa tão sólida, tão tradicional, e tão competente como a de Franca.
FF- A partir de 2008, provavelmente, teremos segundo turno para prefeito. Este detalhe pode definir a eleição?
AJ- O segundo turno define tudo. Muda tudo. Franca nunca conviveu com uma eleição em segundo turno. Estive muito próximo da eleição em que Paulo Maluf perdeu para Mário Covas, no governo de São Paulo. À época, eu trabalhava na campanha de Fleury para deputado. Essa percepção de que a eleição está ganha é errônea. Ninguém ganha nada na véspera. Se não tentar, não há chance. Existe uma frase folclórica na política que diz: “Eleição é igual mineração. Só depois da apuração”.
Segundo turno em Franca muda tudo. Sobretudo porque temos um prefeito que, certamente, tentará a reeleição. Temos uma sensação de favoritismo que, em alguns momentos, foi propagado por alguns meios de comunicação, mas, se a eleição não for decidida no primeiro turno, naturalmente, a população tende a pensar melhor no segundo turno, que seria outra eleição. Se esquece tudo o que houve, todo o favoritismo, toda pesquisa. Nada serve. O que serve é o último dia, o voto depositado na urna e a apuração. Não tem lógica nenhuma.
FF- É aí que entram os grupos de apoio?
AJ- É verdade. Por isso que a sensação que alguns têm de que o prefeito atual é imbatível, já começa a se desmistificar. Como a pesquisa quantitativa, que leva as pessoas a acreditarem em algo que não existe. Já tivemos exemplos de candidatos que lideravam pesquisas deste tipo e acabaram perdendo a eleição em Franca. Sobretudo em um ano antes da eleição.
A partir de março é que as conversas evoluem. As chapas irão se definir em junho, com a realização das convenções. Até lá, não existe candidatura. Daí a importância dos grupos políticos, para desmistificar a sensação de vitória antecipada e, também, por conta de tirar da cabeça das pessoas que o favoritismo é bom. Não é. É bom para quem disputa a eleição na condição de não favorito. Se ocorrer o segundo turno, a eleição pode mudar. A lógica vai toda pelo ralo.
FF- Como deve ser a administração municipal com o PPS no poder?
AJ- Deveremos focar mais o social e o emprego. Acredito que o trabalho de base nos Centros Comunitários tem de ser fortalecido. As creches merecem apoio financeiro maior. Não se admite uma creche conviver com um déficit mensal de R$ 6 mil. Por exemplo, imagine que a subvenção da prefeitura é de R$ 5,3 mil e a entidade gasta R$ 11,5 mil, sendo que a responsabilidade é do poder executivo municipal. Temos de ampliar este valor da subvenção. Cuidar das crianças nas creches. Construir berçários para que as mães possam trabalhar. Cuidar da periferia nos Centros Comunitários. Na Educação básica, Franca está entre as 100 piores cidades no Estado de São Paulo. Isso é lamentável, é caótico. Precisamos mudar esta situação rapidamente.
Na saúde, temos de criar outros prontos-socorros pela cidade. É inadmissível que um morador no Jardim Aeroporto atravesse a cidade para ser atendido no Janjão. Isso é uma loucura. Temos de criar novos empregos e apoiar o esporte. Além da Francana e do Franca Basquete, temos de incentivar o esporte amador. Tenho amigos pessoais no basquete e na Francana. Em São Paulo e Brasília, quando me perguntam qual o meu time preferido, respondo que é a Francana. Acho que o esporte tira as pessoas da rua, transforma a cidade em um ambiente cultural muito mais agradável. Temos de buscar parcerias com grandes empresas. Precisamos formar um Centro de Excelência do Basquete em Franca. Tenho também amigos que todos sábados acordam às 7 horas da manhã, colocam chuteiras e vão para um campo de futebol. Pouca gente sabe da quantidade de torneios amadores de futebol que temos em Franca. Temos de apoiar a Liga Francana de Futebol Amadora, fomentar o esporte amador, que é muito barato e dá bons resultados.
FF- O eleitorado feminino hoje, praticamente, decide eleição em Franca. Houve época em que determinado candidato ganhou muitos votos das mulheres, que o achavam bonito. Você acha que sua aparência pode angariar votos, ou não tem nada a ver?
AJ- Não havia pensado nisso. Nem me considero uma pessoa de aparência bonita. Me recordo que o Maurício Ribeiro ganhou muitos votos das mulheres, que, hoje, realmente, definem uma eleição. Se vier o voto apenas pela aparência é bom, mas temos de ter propostas para o público feminino. Acredito que a mulher tem de ser inserida com maior intensidade no trabalho. Temos de dar a elas melhores oportunidades. Não há motivos para a mulher ganhar menos do que o homem. Sempre digo que mulher é muito mais organizada do que o homem. E, em muitos casos, mais competentes.