O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) afirmou que a esquerda brasileira não tem sido capaz de apresentar uma visão alternativa ao projeto que está sendo adotado pelo governo federal. Segundo ele, a Conferência Caio Prado Júnior será um marco na apresentação de uma esquerda contemporânea.
Jardim acredita que a revolução provocada pela informática mudou muitas das concepções defendidas pelos partidos de esquerda em décadas anteriores. “A nova geopolítica internacional e a crise ideológica produzem um quadro inédito e sem comparações com a década de 1970 ou qualquer outra época”.
Confira a entrevista na íntegra (por Taciana Giesel, do portal www.ccpj.org.br):
O que é ser de esquerda hoje no Brasil?
Ter compromisso com a justiça social, entendida como diminuição das desigualdades, no acesso à educação, à cultura, à condições dignas de vida. Ter engajamento numa prática ética desde os comportamentos pontuais até regras/legislação que conformem estas relações. Ampliar os espaços de participação direta da população na definição de políticas públicas. Além disso, afirmar a busca permanente pela evolução científica-tecnológica pelo conhecimento e incorporar definitivamente a questão ambiental.
Atualmente, como o senhor avalia a atuação da política de esquerda?
O desgaste do PT como projeto de esquerda – incapaz de propor uma alteração da política econômica, desenvolvendo políticas assistencialistas e um desastroso plano ético – colocou um grande dilema: “Esquerda é isto?” Não temos sido capazes de apresentar uma visão alternativa e isto causa um grande impasse, apresentar as novas diretrizes de uma esquerda moderna, contemporânea!
Qual seria a diferença entre a esquerda da década de 1970 e a de hoje?
O mundo da informática, as nossas relações de trabalho, a nova geopolítica internacional, a crise ideológica produzem um quadro inédito, sem comparações com a década de 1970 ou qualquer outra época. Em 70 era um projeto de poder do qual devemos resgatar a irreverência, a ousadia comportamental como valores importantes.
Como é possível resgatar a política de esquerda no Brasil?
Restabelecer vínculos com os movimentos sociais, auscultar a imensa diversidade cultural e submeter a ação institucional às novas questões como a ambiental e de relação de consumo.
A CCPJ tem o objetivo de resgatar a política de esquerda. Que frutos esta conferência pode trazer para o Brasil?
Estou entusiasmado com a Conferência. Há hoje uma perplexidade geral, especialmente no âmbito partidário. Mas há uma busca de alternativas. A função do nosso partido é menos formular e mais organizar e animar um espaço de reflexão e produção de idéias. Assim, vamos poder fazer isso e será inovador e transformador.