sexta-feira, 28 de setembro de 2007

PPS já se mobiliza para as eleições de 2008 em São Paulo


Ninguém mais duvida que a sucessão do presidente Lula, em 2010, será iniciada já nas eleições de 2008. Na cidade de São Paulo, sobretudo com a disputa interna do PSDB entre os grupos de Geraldo Alckmin (mesmo sem confirmar que é pré-candidato já dispara como favorito à Prefeitura) e José Serra (que estimula a reeleição de seu ex-vice e sucessor, Gilberto Kassab), o PPS será forçado a tomar uma posição clara.


Recapitulando: o PPS aliou-se ao PSDB e ao DEM (então PFL) para eleger Serra prefeito de São Paulo em 2004 (derrotando a petista Marta Suplicy) e governador do Estado em 2006 (sucedendo Alckmin, a quem apoiamos na disputa contra Lula).

Com isso, o PPS integra hoje os governos municipal (gestão Serra/Kassab) e estadual (participou da coligação que elegeu Serra, mas já pertencia à base de sustentação das administrações de Alckmin e, antes, de Mário Covas).

Portanto, são plenamente justificáveis todos os seguintes cenários para o PPS (excludentes entre si, mas jamais contraditórios):

1) Apresentar uma candidatura única a prefeito de São Paulo em coligação com PSDB e DEM;
2) Compor a chapa do candidato Geraldo Alckmin à Prefeitura;
3) Compor a chapa à reeleição do prefeito Gilberto Kassab;
4) Cada partido aliado (PPS, PSDB e DEM) lançar candidatura própria e retomar a aliança no eventual segundo turno das eleições de 2008.


Este último cenário sempre foi o mais provável para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. No entendimento dele, uma candidatura própria fortalece a legenda, dá mais visibilidade às propostas do partido e favorece a chapa de candidatos a vereador.

A filiação da vereadora Soninha Francine, saída do PT e anunciada pré-candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, veio consolidar este posicionamento.

Dentro desta lógica, é cogitada a candidatura do próprio Roberto Freire à Câmara Municipal paulistana, para qualificar o debate sucessório, ajudando a conscientizar e mobilizar o eleitorado a partir de São Paulo, principal pólo do embate político, sócio-econômico e ideológico que será travado nacionalmente no próximo triênio.



PPS deve reafirmar a sua identidade programática

É importante para o PPS reafirmar-se programática e ideologicamente como um partido democrático de esquerda, composto em grande parte por uma nova geração de políticos éticos e comprometidos com a busca de novos caminhos para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil. (leia mais)


Uma candidatura majoritária própria não seria o único caminho para isso, principalmente no atual contexto, em que o PPS integra uma aliança que derrotou na cidade de São Paulo uma administração absolutamente equivocada do PT (base de lançamento dos mesmos métodos deploráveis e práticas fisiológicas que foram reproduzidas no governo federal e geraram sucessivos escândalos).

Por outro lado, parece fundamental ao PPS reiterar à sociedade a nossa identidade e marcas próprias. As eleições municipais de 2008 podem favorecer este reposicionamento estratégico da legenda. Uma candidatura como a de Soninha Francine pode dar maior visibilidade e conteúdo a este arcabouço de intenções.

Uma coisa é óbvia: devemos ser mais inteligíveis ao eleitorado.


Um exemplo clássico da necessidade de reafirmar a identidade do PPS se deu em uma troca de e-mails com a jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel, coluna política da Folha de S. Paulo.

Uma possível filiação de Zulaiê Cobra (bem antes da filiação de Soninha) ao PPS foi assim noticiada pelo Painel, em 6 de julho:

"Vai sonhando. A ex-deputada tucana Zulaiê Cobra procura legenda para se candidatar à Prefeitura de São Paulo. Já ouviu do PPS que, se a condição para entrar no partido for essa, nada feito."

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, desmentiu a nota: "Não é sonho, é realidade. Se é esse o desejo de Zulaiê tudo caminha bem, pois é de grande interesse do PPS ter candidatura própria à Prefeitura de São Paulo."

A tréplica de Renata Lo Prete, por e-mail: "Sinto, mas não me parece ser o caso de ´desmentido´. Entendo os motivos que levam Roberto Freire a garantir a Zulaiê Cobra que ´tudo caminha bem´ para que ela seja a candidata do PPS à prefeitura, mas o Painel faria papel de bobo se comprasse essa versão, pois o mundo inteiro sabe que o partido estará com o Alckmin em São Paulo no ano que vem."

"O mundo inteiro sabe...". E assim, na ironia, no deboche, no achômetro, desfaz-se a imagem de um partido sério, íntegro, independente, com 85 anos de história. Repete-se a mentira até parecer verdade. Confunde-se uma simples possibilidade eleitoral com o atrelamento automático e a subserviência política, como se fosse um caminho único e não restassem outras várias alternativas.

Zulaiê (ex-PSDB) acabou se filiando ao PHS. Soninha (ex-PT) acreditou na proposta do PPS e, entusiasmada, aceitou o desafio.


Daí a necessidade de um posicionamento claro do PPS. É elementar que, em uma eleição polarizada entre Alckmin e um(a) candidato(a) petista, a tendência seria apoiar o tucano. Mas será que Alckmin vai ser mesmo o candidato do PSDB? E será que o DEM irá embarcar nessa candidatura? Quantas forças não estão trabalhando contra isso, em todos os partidos? Qual o impacto que a pré-candidatura de Soninha terá perante o eleitorado paulistano?

Já foi mencionado que não haveria nenhuma contradição em apoiar Alckmin, ou Kassab, ou mesmo lançar uma candidatura própria (sem que isso signifique necessariamente o rompimento da aliança com PSDB e DEM). Cada partido pode se afirmar individualmente - e o que nos une, sempre, é a oposição aos métodos e práticas do PT.

No caso de Alckmin e Zulaiê, por exemplo, ambos têm origem no mesmo "ninho" tucano de Mário Covas. Eles podem até ser adversários em 2008, mas não são inimigos. Por outro lado, Soninha é uma dissidente do PT, que se declarou, como a maioria dos cidadãos de bem, "desiludida" com o antigo partido.


O DEM de Kassab é quem historicamente está mais distante do PPS, em termos políticos e ideológicos. Mas o fato dele representar a continuidade da gestão de José Serra em São Paulo, sem desviar um só milímetro da aliança eleitoral e programática que nos reuniu em 2004 e 2006, anula essas diferenças.

Dentro dos três partidos desta aliança (PPS, PSDB e DEM), há tanto os que defendem uma candidatura única quanto os que preferem que cada legenda apresente uma opção diferente no primeiro turno. Ou, no PPS, o atrelamento a um ou outro nome (Alckmin ou Kassab) desde o primeiro turno.

Ora, mas se nem os próprios tucanos e democratas estão convictos do que vão fazer em 2008, não havia razão para um atrelamento automático do PPS. Até as convenções partidárias de junho do próximo ano, cada partido reunirá o que tem de melhor (e pior) para apresentar ao eleitorado. Desde já proliferam internamente pré-candidaturas, palpites e balões de ensaio. Mas qualquer previsão agora é precipitada. De concreto, no PPS, existe a pré-candidatura de Soninha, que vai se consolidando.

O PPS na eleição municipal paulistana de 2008


A orientação do Diretório Nacional do PPS, seguindo seu planejamento estratégico, é pela candidatura própria à prefeitura das capitais e municípios com mais de 100 mil eleitores.

Em São Paulo, pragmaticamente, deveríamos optar por construir e viabilizar esta candidatura própria à Prefeitura ou por reeditar uma aliança que eventualmente nos ofereça a vaga de vice, por exemplo.

Até abril de 2008, prazo para a definição de Marta Suplicy (ela deixará o Ministério do Turismo para concorrer outra vez à Prefeitura de São Paulo?), o sobe-e-desce das pesquisas sobre a administração Kassab, a solução dos conflitos internos do PSDB etc., vai ser difícil algum partido decidir algo concreto. Por enquanto, podemos apenas supor, torcer ou, o que parece mais apropriado, trabalhar e buscar construir uma alternativa palpável à cidade.

A pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo da vereadora Soninha é uma alternativa para qualificar o debate, resgatar princípios e ideais que parecem fora de moda na política, construir um programa de governo verdadeiramente identificado com os cidadãos paulistanos e reaproximar o PPS de movimentos populares e sociais.

Reveja também aqui o que o Blog do PPS/SP já publicou sobre a idéia de lançar o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, como candidato à Câmara de São Paulo e um manifesto pela candidatura.

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