“O dólar com cotação abaixo do real traz sérios prejuízos ao país; desestrutura o setor industrial, abala o esforço de exportação e abre uma porteira para a importação não de bens de capital, mas de produtos supérfluos”. A opinião é do vice-líder do PPS na Câmara, deputado Arnaldo Jardim (SP), ao analisar a queda da moeda americana, que pela primeira vez nos últimos seis anos está abaixo do patamar de R$ 2.
Jardim defende uma “intervenção rápida” por parte das autoridades monetárias para conter a sobrevalorização do real frente ao dólar. No entanto, Jardim descarta a adoção de uma “solução simplista” como o câmbio fixo. “O câmbio flutuante precisa ser mantido e o Banco Central voltar a cobrar dólares, mas dentro de um limite até porque o custo de manutenção das reservas é alto e o país já está com um volume bastante significativo [de dólares]”, disse, ao colocar em dúvida a eficácia dessa última medida.
Para o vice-líder do PPS, “outros caminhos” para barrar a queda do dólar são a diminuição do volume da rolagem de títulos do governo com indexação cambial, restrição imediata da conversão da moeda americana para real nas transações de exportação e fixação um período de permanência para os recursos que vem do exterior para usufruir das altas taxas de juros do país.
“Se algumas dessas iniciativas não forem tomadas imediatamente pelas autoridades econômicas, corremos o risco de pagar um preço muito elevado pela sobrevalorização cambial”, analisa Jardim. Segundo ele, a questão cambial também poderia chegar ao ponto de equilíbrio se houvesse uma redução drástica das taxas dos juros.
De acordo com ele, isso acabaria com o “atrativo do capital maroto” que entra no país para se beneficiar das altas taxas de juros e ao mesmo reduziria o ímpeto da conversão dólar-real. “Há espaço para a queda dos juros porque a inflação está sob controle e também não temos aquecimento de demanda que justifique uma postura absolutamente conservadora do Banco Central”, diz Jardim.