quinta-feira, 19 de abril de 2007

Jardim defende endurecimento do discurso com a Bolívia

O vice-líder do PPS na Câmara, deputado Arnaldo Jardim (SP), defendeu, nesta quinta-feira, endurecimento nas relações comerciais do governo brasileiro com a Bolívia, diante de nova ameaça do presidente Evo Morales de desapropriar as refinarias da Petrobras no país vizinho. O parlamentar pediu que Lula abandone a postura de boas relações com Morales e passe a adotar o respeito de principal parceiro comercial na prospecção do gás.

Com essa nova investida de intervir na Petrobras, o deputado disse que não dá mais para Lula continuar com o discurso de boa vizinha. “Essa relação não cabe dubiedades. Não se pode desconhecer que tudo isso é fruto de equívocos da política externa, que muitas vezes tem confundido questões político-fisiológicas com comércio externo. É preciso uma atitude firme por parte do Brasil”, criticou Jardim, lembrando que Lula precisa agir rapidamente para preservar os interesses de milhares de acionistas da estatal nacional na Bolívia.

Ameaça

A ameaça de intervenção nas instalações da Petrobras foi feita pelo próprio Morales durante a reunião de cúpula sul-americana, encerrada terça-feira na Ilha Margarita, na Venezuela. “O governo Evo Morales utiliza um ou outro cenário, de acordo com as suas conveniências”, analisou Jardim.

Na avaliação do deputado, dessa vez Lula precisa ser “menos compreensivo” do que no ano passado, quando Morales invadiu a Petrobras com tropas do exército. Ele lembra que o histórico dessa investida é bem conhecido: o governo brasileiro foi obrigado a aceitar os termos bolivianos e renegociar termos de seu contrato de fornecimento de gás. “Isso trará consequências graves nas alta de preços. Pagaremos caro por isso”, disse.

Além de exigir do governo uma atitude proativa, o vice-lider do PPS defende que o Brasil busque novas alternativas de buscar o gás a um custo mais acessível em outras fontes que não no país vizinho.

Segundo o pepessista, o presidente Lula cometeu um erro de avaliação quando renegociou, no ano passado, os termos do contrato com o governo boliviano. “Ele achava que ia aplacar a disposição do presidente da Bolívia. Mas o que existe agora é que Evo voltou com toda força: há um risco iminente de perdemos todos os investimentos da Petrobras em território boliviano”, declarou.

Gabrielli

Em audiência pública na Comissão Especial do Gás, quarta-feira passada, Arnaldo Jardim questionou o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, sobre as negociações com a Bolívia.

“Ele afirmou que nós não tínhamos nenhum motivo para ter esse tipo de preocupação. Mas a sua declaração foi atropelada pelos fatos. Hoje, Morales avisa que poderá voltar a intervir em nossas refinarias na Bolívia”, reclamou o parlamentar.